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VIRGINDADE PERPÉTUA DE MARIA

 

* O casamento não consumado é um matrimônio imperfeito, que pode ser anulado. Ora, não é correto pensar que o casamento da Sagrada Família, modelo de família e, portanto, de casamento, seja imperfeito. Logo, é correto acreditar que houve a consumação do casamento de Maria e José.


O Código de Direito Canônico assim dispõe até hoje:

Cân. 1061. O matrimônio válido entre batizados diz-se somente rato, se não foi consumado; rato e consumado, se os cônjuges entre si realizaram de modo humano o ato conjugal de si apto para a geração da prole, ao qual por sua natureza, se ordena o matrimônio, e com o qual os cônjuges se tornam uma só carne. 

Cân. 1142. O matrimônio não consumado entre batizados, ou entre parte batizada e outra não-batizada, pode ser dissolvido pelo Romano Pontífice por justa causa, a pedido de ambas as partes ou de uma delas, mesmo que a outra se oponha. 


O Catecismo da Igreja Católica não deixa dúvidas:

"A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade são essenciais ao Matrimônio. A poligamia é incompatível com a unidade do Matrimônio; o divórcio separa o que Deus uniu; a recusa da fecundidade desvia a vida conjugal do seu 'dom mais excelente', o filho." (Catecismo, 1664)


E o Papa Bento XVI, em seu livro A infância de Jesus, exclui o mito de que Maria tinha feito um voto de virgindade e são José teria sido escolhido apenas para ser o guardião da virgindade de Maria:

"(...) A segunda reação de Maria nos é enigmática. Depois da hesitação receosa com que Ela acolhe a saudação do mensageiro de Deus, o anjo lhe comunica a sua eleição para ser a mãe do Messias. Maria, agora, formula uma breve e incisiva pergunta: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” (Lc 1, 34).
Consideremos novamente a diferença em relação à resposta de Zacarias, que reagiu com uma dúvida perante a incumbência que lhe fora atribuída. Ele, como Isabel, possuía uma idade avançada; não podia mais esperar por um filho. Maria, ao contrário, não duvida. Não levanta questões sobre o “que”, mas sobre “como” a promessa poderia ser realizada, uma vez que isso não era perceptível para Ela: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” (1, 34). Essa pergunta parece incompreensível, pois Maria estava noiva e, de acordo com o direito judaico, era já considerada equivalente a uma esposa, mesmo que ainda não coabitasse com o marido e não tivesse começado a comunhão matrimonial. 

Desde Agostinho, a questão foi explicada no sentido de que Maria teria feito um voto de virgindade e teria buscado o noivado só para ter um protetor de sua virgindade.

Mas essa reconstrução escapa completamente ao mundo do judaísmo dos tempos de Jesus e parece impensável nesse contexto. Mas o que significa, então, essa palavra? Uma resposta convincente não foi encontrada pela exegese moderna. (...)."

https://lelivros.digital/book/baixar-livro-a-infancia-de-jesus-joseph-ratzinger-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/


Teólogos católicos discordam que Tiago, irmão do Senhor, seja o apóstolo Tiago, filho de Alfeu:


“Quando as Igrejas aceitaram a canonicidade desta epístola, identificaram comumente como seu ator Tiago ‘irmão do Senhor’ (Mc 6,3; Mt 13,55p; cf. 12,46+), cuja função tão marcante na primeira comunidade de Jerusalém (At 12,17+; 15,13-21; 21,18-26; 1Cor 15,7; Gl 1,19; 2,9.12) foi coroada pelo martírio por mãos dos judeus, no ano 62 aproximadamente (Josefo, Hegesipo). Evidentemente ele não se identifica com o apóstolo Tiago, filho de Zebedeu (Mt 10,2p), que Herodes mandou matar em 44 (At 12,2), mas poder-se-ia pensar em identificá-lo com o outro apóstolo do mesmo nome, o filho de Alfeu (Mt 10,3p). Já os antigos hesitavam neste ponto e os modernos ainda o discutem, inclinando-se pela negativa. As palavras de Paulo em Gl 1,19 foram interpretadas em ambos os sentidos. (…)”

(Bíblia de Jerusalém, introdução às epístolas católicas)


“(…) O apóstolo Judas é distinto de Judas, irmão de Jesus (cf. Mt 13,55; Mc 6,3) e irmão de Tiago (Judas 1). Não se deve também, parece, identificar o apóstolo Tiago, filho de Alfeu, com Tiago, irmão do Senhor (At 12,17; 15,13 etc.). (…)”

(Bíblia de Jerusalém, comentário a At 1.13).


“O cabeçalho da carta (ou escrito) menciona o remetente e os destinatários. O nome Tiago pode corresponder a três personagens conhecidas no NT: os dois apóstolos com esse nome, o maior e o menor, e o ‘irmão do Senhor’. Embora acrescente o ilustre título ‘servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo’, os dois primeiros são totalmente improváveis. De Tiago, o irmão do Senhor, falam Gl 1,19; 2,9.12; At 12,7; 15,13; 21,18; 1Cor 15,7 (?); um irmão de Jesus, Mc 6,3; Mt 13,55. Personalidade destacada, chefe de judeu-cristãos, que regeu a igreja de Jerusalém e defendeu uma linha conservadora no que se refere a observâncias legais. (...)”

(Bíblia do Peregrino, introdução ao livro de Tiago)


“O autor se apresenta como Judas, irmão de Tiago. Não pode ser Judas Tadeu, já que o autor se distingue dos apóstolos (v. 17). Entre os ‘irmãos’ de Jesus, Mc 6,3 e Mt 13,55 citam um Judas: tampouco pode ser este o autor da carta. Já passou algum tempo desde a era apostólica (vv. 3-4). (…)”

(Bíblia do Peregrino, introdução ao livro de Judas)


“O autor da carta [de Judas] apresenta-se como ‘irmão de Tiago’ (1,1). Quem é esse Tiago? A maioria dos comentaristas acha que se trata do autor da carta de Tiago, bispo de Jerusalém; por conseguinte, esse Judas seria também irmão do Senhor. A tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, parece identificar esse Judas com o apóstolo Judas Tadeu (Mc 3,18). O jesuíta americano J. Neyrey acha que essa suposição não é provável. Ele fala também que poderia ser Judas ‘irmão de Jesus’, irmão de Tiago, dirigente da Igreja de Jerusalém (At 15,13-21). Esses laços serviriam de excelentes credenciais, colocando Judas na corrente principal da ortodoxia cristã primitiva. Mas alguns biblistas atuais discordam dessa hipótese. Apesar das divergências sobre a identificação do autor da carta, parece que há uma certa tendência a considerar esse Judas como parente de Jesus e não como o apóstolo Judas. Com efeito, os chamados ‘irmãos de Jesus’ não pertenceram ao grupo dos Doze, pois se distanciaram de Jesus, não crendo nele durante sua vida terrena (Jo 7,5), e o próprio autor dá a entender que não se situa entre os apóstolos. (v. 17).

(Bíblia Ave-Maria, edição de estudos, introdução à carta de Judas)

 

“Paulo diz que depois de sua ressurreição dentre os mortos apareceu primeiro a Cefas, depois aos doze, e depois destes a mais de quinhentos irmãos juntos, sobre os quais afirmava que alguns já tinham morrido, mas que a maior parte ainda vivia no tempo em que ele escrevia estas coisas. Depois diz que apareceu a Tiago. Pois bem, este era também um dos mencionados irmãos do Salvador. Portanto, de qualquer forma, os apóstolos à imagem dos doze eram muitos mais – o próprio Paulo o era –, prossegue dizendo: depois apareceu a todos os apóstolos” 

(Eusébio de Cesareia - História Eclesiástica, Livro I, XII:4-5)

 

“Naquele tempo também Tiago, o chamado irmão do Senhor - porque também ele era chamado filho de José; pois bem, o pai de Cristo era José, já que estava casado com a Virgem quando, antes que convivessem descobriu-se que havia concebido do Espírito Santo, como ensina a Sagrada Escritura dos evangelhos -; este mesmo Tiago pois, a quem os antigos puseram o sobrenome de Justo, pelo superior mérito de sua virtude, refere-se que foi o primeiro a quem se confiou o trono episcopal da Igreja de Jerusalém.”

(Eusébio de Cesareia – História Eclesiástica, Livro 2, I:2)

 

 

"(...) Entre os estudiosos debate-se a questão da identificação destas duas personagens com o mesmo nome, Tiago filho de Alfeu e Tiago "irmão do Senhor". As tradições evangélicas não nos conservaram narração alguma sobre um nem sobre outro em referência ao período da vida terrena de Jesus. Os Atos dos Apóstolos, ao contrário, mostram-nos que um "Tiago" desempenhou um papel importante, como já mencionámos, depois da ressurreição de Jesus, na Igreja primitiva (cf. Act 12, 17; 15, 13-21; 21, 18).  (...)"

(Bento XVI, Audiência Geral de 28 de junho de 2006)

 


Muitos Pais da Igreja afirmaram que os chamados "irmãos de Jesus" eram filhos de um primeiro casamento de José:


"Mas, seguindo a tradição que está registrado no Evangelho segundo São Pedro ou no livro de Tiago, eles dizem que há alguns irmãos de Jesus, os filhos de José por uma ex-mulher, que vivia com ele antes de Maria. Agora aqueles que dizem por assim desejarem preservar a honra de Maria na virgindade até o fim, de modo que o organismo dela, que foi designada para ministrar a Palavra que diz: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do altíssimo deve ofuscar a ti ", pode não ter tido relação sexual com um homem depois que o Espírito Santo veio ela e o poder do alto a tivesse ofuscado. E eu acho que em harmonia com a razão que Jesus era o fruto primeiro entre os homens da pureza, que consiste na castidade, e Maria entre as mulheres, pois não foram piedosos atribuir a qualquer outro do que o seu fruto primeiro da virgindade."

(Orígenes - Comentário ao Evangelho de Mateus X:17)


"Se eles [os irmãos do Senhor] foram filhos de Maria e não tomados de casamento anterior de José, ele nunca teria sido entregue no momento da paixão [crucificação] para o apóstolo João, sua mãe, o Senhor dizendo: a cada um, 'Mulher, eis aí teu filho', e João, "Eis a tua mãe '[João 19:26-27), como ele legou o amor filial a um discípulo como um consolo para a desolação"

(Santo Hilário de Poitiers - Comentário sobre Mateus 1:4 )


"O nascimento e a adolescência daquela que concebeu e deu à luz - evento impensável, incompreensível, inefável! - ao Filho de Deus, o Verbo, Rei e Deus do Universo, já haviam sido mais maravilhosos que tudo o que se pode ver na natureza. Desde então, todos os dias de sua inteira existência, mostrou um estilo de vida superior à natureza [...] Logo, no caminho de sua fatigosa tarefa, sofreu e suportou muitas tribulações, provas, aflições e lamentos durante a Crucifixão do Senhor, alcançando uma completa vitória e obtendo coroas de triunfo, até ao ponto de ser constituída a Rainha de todas as criaturas[...] A Virgem não só animava e ensinava aos santos apóstolos e aos demais fiéis a ser pacientes e suportar as provas, senão que era solidária com eles em suas fadigas, lhes sustentava na pregação, estava em união espiritual com os discípulos do Senhor em suas privações e suplícios, em suas prisões[...] Depois da partida de João, o Evangelista, São Tiago, o filho de José, também chamado «irmão do Senhor», tomou a seu cuidado a santa Mãe de Cristo [...]"

(São Máximo, o Confessor - Vida da Virgem)


https://apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/484-os-pais-da-igreja-sobre-a-virgindade-de-maria


* Se Maria permaneceu para sempre virgem então ela não consumou seu matrimônio, que torna o casamento dela imperfeito, e não convém que a sagrada família tenha um casamento defeituoso, imperfeito.

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