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JUSTIFICAÇÃO SOMENTE PELA FÉ

 

A justificação se dá somente pela graça, somente pela fé. A doutrina evengélica da sola fide, portanto, não está errada:


“15. É nossa fé comum que a justificação é obra do Deus uno e trino. O Pai enviou seu Filho ao mundo para a salvação dos pecadores. A encarnação, a morte e a ressurreição de Cristo são fundamento e pressuposto da justificação. Por isso justificação significa que o próprio Cristo é nossa justiça, da qual nos tornamos participantes através do Espírito Santo segundo a vontade do Pai.  Confessamos juntos: somente por graça, na fé na obra salvífica de Cristo, e não por causa de nosso mérito, somos aceitos por Deus e recebemos o Espírito Santo, que nos renova os corações e nos capacita e chama para as boas obras.” 

(...)

19. Confessamos juntos que o ser humano, no concernente à sua salvação, depende completamente da graça salvadora de Deus. A liberdade que ele possui para com as pessoas e coisas do mundo não é liberdade com relação à salvação. Isto quer dizer que, como pecador, ele se encontra sob o juízo de Deus, sendo por si só incapaz de se voltar a Deus em busca de salvamento, ou de merecer sua justificação perante Deus, ou de alcançar a salvação pela própria força. Justificação acontece somente por graça.

(...)

26. Segundo a compreensão luterana, Deus justifica o pecador somente na fé (sola fide). Na fé o ser humano confia inteiramente em seu Criador e Redentor e está assim em comunhão com ele. Deus mesmo é quem opera a fé ao produzir tal confiança por sua palavra criadora. Porque essa ação divina constitui uma nova criação, afeta todas as dimensões da pessoa e conduz a uma vida em esperança e amor. Assim, na doutrina da justificação somente pela fé, a renovação da conduta de vida que necessariamente se segue à justificação, e sem a qual não pode haver fé, é distinguida da justificação, mas não é separada dela. Com isso é indicado, antes, o fundamento do qual provém tal renovação. Do amor de Deus, que é presenteado ao ser humano na justificação, provém a renovação da vida. A justificação e a renovação estão ligadas pelo Cristo presente na fé. 

(...)

37. Confessamos juntos que boas obras - uma vida cristã em fé, esperança e amor - se seguem à justificação e são frutos da justificação. Quando a pessoa justificada vive em Cristo e atua na graça recebida produz, biblicamente falando, bom fruto.

(...)

41. Com isso também as condenações doutrinais do século XVI, na medida em que dizem respeito à doutrina da justificação, aparecem sob uma nova luz: a doutrina das Igrejas luteranas apresentada nesta Declaração não é atingida pelas condenações do Concílio de Trento. As condenações contidas nos escritos confessionais luteranos não atingem a doutrina da Igreja católica romana exposta nesta Declaração.

(Declaração conjunta sobre a doutrina da Justificação).

https://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/igreja-catolica-apostolica-romana-icar/declaracao-conjunta-sobre-a-doutrina-da-justificacao


“2. C. Justificação acontece ‘somente por graça’ (DC 15 e 16), somente por fé; a pessoa justificada ‘independentemente das obras’ (Rm 3, 28; cf. DC 25).” 

(Anexo à Declaração conjunta sobre a Justificação)

https://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/igreja-catolica-apostolica-romana-icar/declaracao-conjunta-sobre-a-doutrina-da-justificacao


Essa Declaração conjunta foi aprovada pelo Papa João Paulo II:

"Hoje em Ausburgo, na Alemanha, precisamente nesta hora, acontece um evento de grande relevo. Os representantes da Igreja católica e da Federação Luterana Mundial assinam uma Declaração conjunta sobre um dos principais argumentos que contrapunham católicos e luteranos: a doutrina da justificação pela fé. Trata-se de um marco miliário na não fácil estrada da recomposição da plena unidade entre os cristãos, e é bastante significativo que ele seja posto exactamente na cidade em que, em 1530, com a "Confessio Augustana", foi escrita uma página decisiva da Reforma luterana. Esse documento constitui uma base segura para o prosseguimento da investigação teológica ecuménica e para enfrentar as dificuldades que nela permanecem, com uma esperança mais fundada de as resolver no futuro. De igual modo é um contributo precioso para a purificação da memória histórica e o testemunho comum. (...)"

(Papa João Paulo II - Audiência geral do dia 31/10/1999)

https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/angelus/1999/documents/hf_jp-ii_ang_31101999.html


O papa Bento XVI deixou claro que se interpretado corretamente, Lutero estava correto com o sola fide:

"(...) O muro já não é necessário, a nossa identidade comum na diversidade das culturas é Cristo, e é Ele quem nos torna justos. Ser justo significa simplesmente estar com Cristo e em Cristo. E isto é suficiente. Não são mais necessárias outras observâncias. Por isso, a expressão "sola fide" de Lutero é verdadeira, se não se opõe a fé à caridade, ao amor. A fé é olhar Cristo, confiar-se a Cristo, apegar-se a Cristo, conformar-se com Cristo e com a sua vida. E a forma, a vida de Cristo, é o amor; portanto, acreditar é conformar-se com Cristo e entrar no seu amor. Por isso, São Paulo na Carta aos Gálatas, sobretudo na qual desenvolveu a sua doutrina sobre a justificação, fala da fé que age por meio da caridade (cf. Gl 5, 14). (...)" (Audiência Geral de 19/11/2008)

https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2008/documents/hf_ben-xvi_aud_20081119.html


"Queridos irmãos e irmãs!

Na catequese de quarta-feira passada falei sobre a questão de como o homem se torna justo diante de Deus. Seguindo São Paulo, vimos que o homem não está em condições de se tornar "justo" com as suas próprias acções, mas só pode realmente tornar-se "justo" diante de Deus porque Deus lhe confere a sua "justiça" unindo-o a Cristo, seu Filho. E o homem obtém esta união com Cristo através da fé. Neste sentido São Paulo diz-nos: não são as nossas obras que nos tornam "justos", mas a fé. (...)" (Audiência Geral de 26/11/2008)


O papa Francisco também falou sobre a justificação somente pela graça, sem as nossas obras:

"(...) Portanto, a justificação que Deus realiza permite que recuperemos a inocência perdida com o pecado. Como ocorre a justificação? Responder a esta pergunta é descobrir outra novidade no ensinamento de São Paulo: a justificação ocorre por graça. Só pela graça: fomos justificados por pura graça. “Mas não posso, como fazem alguns, ir ter com o juiz e pagar para que ele me dê a justiça?”. Não, nisto não se pode pagar, pagou alguém por todos nós: Cristo. E de Cristo que morreu por nós vem aquela graça que o Pai concede a todos: a justificação vem pela graça. (...)" (Audiência Geral de 29/09/2021)

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20210929_udienza-generale.html


Em Gálatas 2.16 na Bíblia católica edição da Ave-Maria e na Bíblia católica Edição Pastoral consta assim: "Sabemos, contudo, que ninguém se justifica pela prática da lei, mas somente pela fé em Jesus Cristo. Também nós cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum homem será justificado."


Clemente de Roma, considerado o 4° papa da história, escreveu o seguinte:

"E nós, também, sendo chamados por Sua vontade em Cristo Jesus, não somos justificados por nós mesmos, nem por nossa própria sabedoria, ou entendimento, ou piedade, ou obras que realizamos em santidade de coração; mas por aquela fé pela qual, desde o princípio, o Deus Todo-Poderoso justificou todos os homens; a quem seja a glória para todo o sempre. Amém."

(1a carta aos coríntios, 32,7)

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