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PURGATÓRIO

 

É um lugar ou um estado/condição?

a) Lugar:

Também os próprios gregos, segundo o que se diz, segundo a verdade e sem nenhuma dúvida, crêem e afirmam que as almas daqueles que receberam, mas não cumpriram a penitência, ou então os que morreram sem pecado mortal, mas com pecados veniais ou de pouca monta, são purificados depois da morte e podem ser ajudados com as orações de sufrágio da Igreja. Ora, porque dizem que o lugar de tal purificação não lhes foi indicado com nome preciso e peculiar pelos seus doutores, Nós, que segundo a tradição e autoridade dos santos Padres (o) denominamos ‘purgatório’, queremos que, de agora em diante, seja por eles chamado com este nome. Com aquele fogo transitório, de fato, certamente são purificados os pecados, não todavia os delituosos ou morais que não foram perdoados antes mediante a penitência, mas os pequenos e de pouca monta que ainda pesarem depois da morte, mesmo tendo sido perdoados durante a vida.” 

(Papa Inocêncio IV, na carta intitulada “Sub catholicae professione” ao bispo de Túsculo em 1254) 

(Cf. Denzinger, 838) 

https://apostoladonovosmares.files.wordpress.com/2016/05/compc3aandio-dos-sc3admbolos-definic3a7c3b5es-e-declarac3a7c3b5es-de-fc3a9-e-moral.pdf


O papa  Clemente VI, na carta “Super quibusdam” aos armênios (em 1351), chegou, inclusive, a afirmar que o purgatório fica embaixo (“...o purgatório, ao qual descem as almas...”), como o inferno, em oposição ao céu, em cima:

"... Perguntamos se tens crido e crês que existe o purgatório, ao qual descem as almas daqueles que morreram na graça e ainda não cumpriram a satisfação dos seus pecados por uma penitência completa."

(Cf. Denzinger, 1066)

https://apostoladonovosmares.files.wordpress.com/2016/05/compc3aandio-dos-sc3admbolos-definic3a7c3b5es-e-declarac3a7c3b5es-de-fc3a9-e-moral.pdf


b) estado/condição de vida:

"Todo o vestígio de apego ao mal deve ser eliminado; toda a deformidade da alma há-de ser corrigida. A purificação deve ser completa, e é precisamente assim que a doutrina da Igreja entende o purgatório. Este termo não indica um lugar, mas uma condição de vida. Aqueles que depois da morte vivem num estado de purificação já estão no amor de Cristo, o qual os alivia dos resíduos da imperfeição (cf. Conc. Ecum. de Florença, Decretum pro Graecis: DS 1304; Conc. Ecum. de Trento, Decretum de iustificatione: DS 1580; Decretum de purgatorio: DS 1820)."

(Papa João Paulo II - Audiência Geral de 04/08/1999)

https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/audiences/1999/documents/hf_jp-ii_aud_04081999.html


(…) O pensamento de Catarina sobre o purgatório, pelo qual ela é particularmente conhecida, está condensado nas últimas duas partes do livro citado no início: o Tratado sobre o purgatório e o Diálogo entre a alma e o corpo. É importante observar que, na sua experiência mística, Catarina jamais tem revelações específicas sobre o purgatório ou sobre as almas que ali estão a purificar-se. Todavia, nos escritos inspirados pela nossa santa, é um elemento central, e o modo de o descrever tem características originais em relação à sua época. O primeiro traço original diz respeito ao «lugar» da purificação das almas. No seu tempo, ele era representado principalmente com o recurso a imagens ligadas ao espaço: pensava-se num certo espaço, onde se encontraria o purgatório. Em Catarina, ao contrário, o purgatório não é apresentado como um elemento da paisagem das vísceras da terra: é um fogo não exterior, mas interior. Este é o purgatório, um fogo interior. A santa fala do caminho de purificação da alma, rumo à plena comunhão com Deus, a partir da própria experiência de profunda dor pelos pecados cometidos, em relação ao amor infinito de Deus (cf. Vida admirável, 171v). Ouvimos sobre o momento da conversão, quando Catarina sente repentinamente a bondade de Deus, a distância infinita da própria vida desta bondade e um fogo ardente no interior de si mesma. E este é o fogo que purifica, é o fogo interior do purgatório. Também aqui há um traço original em relação ao pensamento do tempo. Com efeito, não se começa a partir do além para narrar os tormentos do purgatório — como era habitual naquela época e talvez ainda hoje — e depois indicar o caminho para a purificação ou a conversão, mas a nossa santa começa a partir da própria experiência interior da sua vida a caminho da eternidade. A alma — diz Catarina — apresenta-se a Deus ainda vinculada aos desejos e à pena que derivam do pecado, e isto torna-lhe impossível regozijar com a visão beatífica de Deus. Catarina afirma que Deus é tão puro e santo que a alma com as manchas do pecado não pode encontrar-se na presença da majestade divina (cf. Vida admirável, 177r). E também nós sentimos como estamos distantes, como estamos repletos de tantas coisas, a ponto de não podermos ver Deus. A alma está consciente do imenso amor e da justiça perfeita de Deus e, por conseguinte, sofre por não ter correspondido de modo correto e perfeito a tal amor, e precisamente o amor a Deus torna-se chama, é o próprio amor que a purifica das suas escórias de pecado. (...)” 

(Papa Bento XVI, citando santa Catarina de Gênova na Audiência Geral de janeiro de 2011)

https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2010/december/documents/hf_ben-xvi_aud_20110112.html


* Se a igreja católica teve divergência de entendimento em seu magistério sobre se o purgatório é um estado ou um lugar, e se é em cima ou embaixo, e se a igreja ortodoxa, que tem sucessão apostólica e partilha da mesma Tradição, não crê no purgatório, é porque não é uma doutrina verdadeira. Sem contar que fere várias passagens bíblicas. Ou seja, é uma doutrina extra bíblica e anti bíblica.



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