Católicos adoram imagens?
1) No mínimo a adoração da cruz na sexta-feira santa:
"274. A genuflexão, que se faz dobrando o joelho direito até o chão, significa adoração; por isso, se reserva ao Santíssimo Sacramento, e à santa Cruz, desde a solene adoração na Ação litúrgica da Sexta-feira na Paixão do Senhor até o início da Vigília pascal."
(Instrução Geral sobre o Missal Romano, 274)
https://www.veritatis.com.br/instrucao-geral-sobre-o-missal-romano/
* Muitos católicos distorcem esse ato e dizem que não é adoração, é veneração; ou que não é à cruz, mas a Jesus que está na cruz (adoram a Jesus morto?); ou que não é nem adoração nem veneração, mas apenas um gesto de beijo na cruz. Desculpas vãs. O ato é sim de adoração à cruz, como o próprio nome deixa claro.
Santo Tomás de Aquino tratou da questão da adoração da cruz em sua Suma Teológica, vejamos o que ele concluiu:
"SOLUÇÃO. — Como dissemos, honra ou reverência não é devida senão à natureza racional; e à criatura insensível não devemos honra nem reverência senão por causa da natureza racional. E isto de dois modos: ou enquanto representa uma natureza racional, ou por estar a esta de algum modo unida. Do primeiro modo, costumaram os homens venerar a imagem do rei; do segundo, as suas vestes. Mas, uma e outra coisa, com a mesma veneração com que veneram o rei. — Se, pois, nos referimos à cruz mesma onde foi Cristo crucificado, de um e outro modo deve ela ser venerada. Primeiro, porque nos representa a figura de Cristo estendido nela; segundo por causa do contato dos seus membros e por ter sido embebida do seu sangue. Por onde, de um e outro modo, é adorada pela mesma adoração por que o é Cristo, isto é, pela adoração de latria. E também por isso dirigimos palavras e oração à Cruz como o faríamos ao próprio crucificado. — Se porém se trata da efígie da cruz de Cristo, em qualquer outra matéria por exemplo, pedra ou madeira, prata ou ouro, então veneramos a cruz somente como imagem de Cristo, que veneramos com adoração de latria, segundo dissemos."
(Suma Teológica, Terceira Parte, Questão 25, artigo 4º)
O Vaticano também já esclareceu tudo, confirmando que é adoração e é à cruz mesmo:
"2. Na Sexta-Feira Santa in Passione Domini, o sacerdote é convidado a subir ao Calvário. Às três da tarde, às vezes um pouco mais tarde, acontece a celebração da Paixão do Senhor, em três momentos: a Palavra, a Cruz e a Comunhão. Dirige-se em procissão e em silêncio ao altar. Depois de ter reverenciado o altar, que representa Cristo na austera nudez do Calvário, ele se prostra em terra: é a proskýnesis, como no dia da ordenação. Assim, expressa a convicção do seu nada diante da Majestade divina, e o arrependimento por ter se atrevido a medir-se, por meio do pecado, com o Onipotente. Como o Filho que se anulou, o sacerdote reconhece seu nada e assim tem início sua mediação sacerdotal entre Deus e o povo, que culmina na oração universal solene.
Depois se faz a ostensão e a adoração da Santa Cruz: o sacerdote se dirige ao altar com os diáconos e lá, em pé, ele a recebe e a descobre em três momentos sucessivos – ou a mostra já descoberta – e convida os fiéis à adoração, em cada momento, com as palavras: Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. Em sua descarnada solenidade, aqui, no coração do ano litúrgico, a tradição resistiu tenazmente mais que em outros momentos do ano.
O sacerdote, após ter depositado a casula, se possível descalço, aproxima-se primeiramente da Cruz, ajoelha-se diante dela e a beija. A teologia católica não teme em dar aqui à palavra “adoração” seu verdadeiro significado. A verdadeira Cruz, banhada com o sangue do Redentor, torna-se, por assim dizer, uma só coisa com Cristo e recebe a adoração. Por isso, prostrando-nos diante do lenho sagrado, nós nos dirigimos ao Senhor: “Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz redimistes o mundo”. "
https://www.vatican.va/news_services/liturgy/details/ns_lit_doc_20100412_sac-triduo_po.html
2) os próprios católicos admitem que veneram imagens. Ora, venerar substitui hoje expressões antigas como "adoração de honra", "adoração respeitosa" ou "adoração de dulia", que são, segundo a doutrina católica antiga, adorações devidas às criaturas:
(Luz de verdades catholicas - padre João Martins de la Parra, México, 1761)
(Grande Diccionario portuguez ou Thezouro da língua portugueza, Dr Frei Domingos Vieira, Portugal, ao imperador do Brasil Dom Pedro II, em 1872)
IV Concílio de Constantinopla:
"Cân. 3. Decretamos que o sagrado ícone de nosso Senhor Jesus Cristo seja venerado com a mesma honra que o livros dos santos Evangelhos. (...) Do mesmo modo, também o ícone da imaculada sua Mãe e os ícones dos santos anjos, como os representa em palavras a santa Escritura, e ainda os de todos os Santos, nós os veneramos e adoramos. E os que não se conduzem assim sejam anátema."
(cf. Denzinger* 653 e 655-656)
*livro Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral, do padre e teólogo católico Heinrich Denzinger.
Papa João XV - Encíclica Cum conventus esset:
"... Depois de abrangente consulta, decretamos que a memória dele, isto é, do santo bispo Ulrico, deve ser venerada com piíssimo afeto e fidelíssima devoção: pois quando adoramos e veneramos as relíquias dos mártires e dos confessores veneramos aquele do qual eles são mártires e confessores; honramos os servos, para que a honra redunde ao Senhor que disse: “Quem vos acolhe, a mim acolhe” [Mt 10,40]; e, por conseqüência, nós que não temos confiança na nossa justiça, possamos ser sempre ajudados pelas suas intercessões e méritos junto a Deus clementíssimo (...)"
(Cf. Denzinger 675)
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