Maria se achava sem pecado? Ela rezava o Pai Nosso?
Cân. 6-8 do XV Sínodo de Cartago (418 d. C.):
Cân. 6. Igualmente foi decidido, no que diz respeito ao trecho de São João Apóstolo: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e não há em nós a verdade” [1Jo 1,8]: Quem julgar poder interpretar isso no sentido de que por humildade é necessário dizer que temos pecado, não porque seja verdade, seja anátema. O Apóstolo, de fato, prossegue argumentando: “Se tivermos confessado os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e purificar-nos de toda iniquidade” [1Jo 1,9]. Aqui aparece com bastante clareza que isso não é dito só por humildade, mas no sentido verdadeiro. O Apóstolo, de fato, poderia ter dito: “Se disséssemos não ter pecado, nos enalteceríamos a nós mesmos e não há em nós humildade”. Mas, como diz: “Enganamo-nos a nós mesmos e não há em nós a verdade”, fica suficientemente claro que aquele que disser que não tem pecado, não fala o que é verdadeiro, mas falso.
Cân. 7. Igualmente foi decidido: Quem afirmar que os santos, quando na oração do Senhor dizem:
“Perdoa-nos
as nossas dívidas” [Mt 6,12], o digam não em favor de si mesmos, já que
para eles esta oração já não é necessária, mas pelos outros de seu
povo, que são pecadores; e que cada santo não diz: “Perdoa-me os meus
pecados”, mas “Perdoa-nos os nossos pecados”, para que se compreenda que
o justo pede isto antes pelos outros que para si mesmo, seja anátema.
Santo e justo era de fato o Apóstolo Tiago quando dizia: “Em muitas
coisas todos nós erramos” [Tg 3,2]. Pois por qual motivo foi
acrescentado “todos”, senão porque com esta afirmação está de acordo
também o Salmo onde se lê: “Não entres em juízo com teu servo, porque
diante de tua face nenhum vivente será justificado” [Sl 143,2]? E na
oração do sapientíssimo Salomão: “Não há ser humano que não tenha
pecado” [1Rs 8,46]. E no livro do santo Jó: “Na mão de cada homem põe
uma marca, para que cada um conheça sua fraqueza” [Jó 37,7]. Por isso,
também o santo e justo Daniel diz, na oração em forma plural: “Pecamos,
cometemos iniquidade” [Dn 9,5.15] e as outras coisas que ele confessa
com veracidade e humildade; <e> para que não se pensasse, como
alguns entendem, que o tivesse dito dos seus pecados e não dos do povo,
diz mais adiante: “Enquanto eu ... orava e confessava os meus pecados e
os pecados do meu povo” [Dn 9,20] ao Senhor meu Deus; não quis dizer “os
nossos pecados”, mas falou dos pecados do seu povo e dos seus, pois
como profeta ele previu que haveria quem o entendesse tão mal.
Cân. 8. Igualmente foi decidido: Quem afirmar que as palavras da oração do Senhor, quando dizemos ‘Perdoa-nos as nossas dívidas’ [Mt 6,12], são pronunciadas pelos santos no sentido da humildade, não da verdade, seja anátema. Pois quem poderia suportar um orante que mente, não aos homens, mas a Deus mesmo, quando com os lábios diz que quer ser perdoado, mas, com o coração, que não tem dívidas a lhe serem perdoadas?
(Cf. Denzinger*, 228-230)
*livro Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral, do padre e teólogo católico Heinrich Denzinger.
* Se afirmarmos que Maria pecou estamos fazendo de Deus um mentiroso (1Jo 1.10), pois, através do apóstolo Paulo, Deus disse que todos pecaram.
Se afirmarmos que NÃO Maria pecou estamos fazendo de Deus um mentiroso (1Jo 1.10), pois, através do apóstolo Paulo, Deus disse que todos pecaram.
ResponderExcluir[não seria esse o correto ?]
Desculpe, mas a construção da sua frase com o advérbio não antes dr Maria ficou tão estranha que torna difícil de entender o sentido dela.
ResponderExcluirComo Deus afirmou que todos pecaram, então a conclusão correta é que se dissermos que Maria não pecou, então estaremos negando a afirmação feita por Deus ao criar essa exceção, e somente Deus pode criar exceções às suas regras.
Lembre-se disso: se uma regra foi dada por Deus, não pode o intérprete criar exceções a ela, pois só existe um legislador, que é Deus.
A única coisa que o intérprete pode fazer é procurar as exceções (se tiver) na Palavra de Deus, não criá-las.