O cânon católico só foi definido definitivamente no Concílio de Trento:
3. Formación del canon cristiano
18.
El Antiguo Testamento de la Iglesia antigua tomó formas diversas en las
distintas regiones, como demuestran las distintas listas de la época
patrística. La mayoría de los escritores cristianos a partir del siglo
II, así como los manuscritos de la Biblia de los siglos IV y siguientes,
utilizan o contienen un gran número de libros sagrados del judaísmo,
incluyendo algunos que no fueron admitidos en el canon hebreo. Sólo
después de que los judíos hubieron definido su canon, pensó la Iglesia
en cerrar su propio canon del Antiguo Testamento. Nos falta información
sobre el modo cómo se procedió y las razones que se alegaron para
incluir tal libro en el canon y rechazar tal otro. Es posible, sin
embargo, delinear a grandes rasgos la evolución del tema en la Iglesia,
tanto en Oriente como en Occidente.
En Oriente, a partir de la época
de Orígenes (entre el 185 y el 253), se procura conformar el uso
cristiano al canon hebreo de 22/24 libros, utilizando para ello
distintas combinaciones y estratagemas. El mismo Orígenes era
consciente, además, de la existencia de numerosas diferencias textuales,
a veces considerables, entre la Biblia hebrea y la griega. A ese
problema se añadía el de las distintas listas de libros. Los esfuerzos
realizados en orden a adaptarse al canon y al texto hebreos no privaron a
los autores cristianos de Oriente de utilizar en sus escritos libros
que no habían sido admitidos en el canon hebreo, ni de seguir para los
demás el texto de los Setenta. La idea de que el canon hebreo debía ser
preferido por los cristianos no parece haber producido en la Iglesia de
Oriente una impresión profunda ni duradera.
En Occidente se mantiene
igualmente una utilización más amplia de los libros sagrados, que
encuentra en Agustín su defensor. Cuando se trata de seleccionar los
libros a incluir en el canon, Agustín (354-430) basa su juicio en la
práctica constante de la Iglesia. A principios del siglo V, algunos
concilios tomaron postura para fijar el canon del Antiguo Testamento.
Por más que aquellos concilios fueron sólo regionales, la unanimidad
expresada en sus listas los hace representativos del uso eclesial en
Occidente.
En cuanto a las diferencias textuales entre la Biblia en
griego y en hebreo, Jerónimo basa su traducción en el texto hebreo. Para
los libros deuterocanónicos, se contenta generalmente con corregir la
antigua traducción latina (Vetus Latina). Desde entonces, la Iglesia en
Occidente reconoce una doble tradición bíblica: la del texto hebreo para
los libros del canon hebreo y la de la Biblia griega para los demás
libros, todos en traducción latina.
Fundándose en una tradición
secular, el concilio de Florencia, en 1442, y más tarde el de Trento, en
1564, disiparon, para los católicos, dudas e incertidumbres. Su lista
se compone de 73 libros, recibidos como sagrados y canónicos, en cuanto
que inspirados por el Espíritu Santo: 46 para el Antiguo Testamento y 27
para el Nuevo Testamento.36 Así la Iglesia católica ha logrado su canon
definitivo. Para determinar este canon, el Concilio se basó en el uso
constante de la Iglesia. Adoptando este canon más amplio que el hebreo,
ha preservado una memoria auténtica de los orígenes cristianos, puesto
que, como hemos visto, el canon hebreo más limitado es posterior a la
época de la formación del Nuevo Testamento.
(Pontificia Comisión Bíblica
- El pueblo judío y sus Escrituras Sagradas en la Biblia cristiana, com
apresentação do cardeal Joseph Ratzinger, à época prefeito da
congregação para a doutrina da fé)
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_20020212_popolo-ebraico_sp.html
Tradução livre do texto em espanhol:
"3. Formação do cânon cristão
18. O Antigo Testamento da Antiga Igreja tomou várias formas nas diferentes regiões, como evidenciado pelas várias listas da era patrística. A maioria dos escritores cristãos do século II em diante, bem como manuscritos da Bíblia a partir do quarto e seguinte séculos, usam ou contêm um grande número de livros sagrados do judaísmo, incluindo alguns que não foram admitidos no cânon hebraico. Só depois que os judeus definiram seu cânon é que a Igreja pensou em fechar seu próprio cânon do Antigo Testamento. Não temos informações sobre como ele procedeu e as razões dadas para incluir tal livro no cânon e rejeitar tal livro. É possível, no entanto, delinear em traços amplos a evolução do tema na Igreja, tanto no Oriente quanto no Ocidente.
No Oriente, a partir da época de Orígenes (entre 185 e 253), busca-se conformar o uso cristão ao cânon hebraico de 22/24 livros, utilizando-se para isso diferentes combinações e estratagemas. O próprio Orígenes também estava ciente da existência de numerosas diferenças textuais, às vezes consideráveis, entre as Bíblias hebraicas e gregas. A este problema foi adicionado o das diferentes listas de livros. Os esforços realizados para se adaptar ao cânon e ao texto hebraico não privaram os autores cristãos do Oriente de usar em seus escritos livros que não haviam sido admitidos no cânon hebraico, nem de seguir para outros o texto dos Setenta. A ideia de que o cânon hebraico devia ser preferido pelos cristãos não parece ter produzido uma impressão profunda ou duradoura sobre a Igreja no Oriente.
No Ocidente se mantém igualmente uma utilização mais ampla dos livros sagrados, que encontra em Agostinho seu defensor. Quando se trata de selecionar os livros para incluir no cânon, Agostinho (354-430) baseia seu julgamento na prática constante da Igreja. No início do século V, alguns concílios tomaram uma posição para fixar o cânone do Antigo Testamento. Embora esses conselhos fossem apenas regionais, a unanimidade expressa em suas listas os torna representativos do uso eclesial no Ocidente.
Quanto às diferenças textuais entre a Bíblia em grego e hebraico, Jerônimo baseia sua tradução no texto hebraico. Para livros deuterocanônicos ele geralmente se contenta em corrigir a antiga tradução latina (Vetus Latina). Desde então, a Igreja no Ocidente reconhece uma dupla tradição bíblica: a do texto hebraico para os livros do cânon hebraico e a da Bíblia grega para os outros livros, todos em tradução latina.
Fundado em uma tradição secular, o Concílio de Florença em 1442 e mais tarde o de Trento em 1564 dissiparam dúvidas e incertezas para os católicos. Sua lista é composta por 73 livros, recebidos como sagrados e canônicos, inspirados no Espírito Santo: 46 para o Antigo Testamento e 27 para o Novo Testamento. Assim, a Igreja Católica alcançou seu cânon definitivo. Para determinar este cânon, o Concílio se baseou no uso constante da Igreja. Ao adotar este cânon mais amplo do que o hebraico, preservou uma memória autêntica das origens cristãs, uma vez que, como vimos, o cânon hebraico mais limitado é posterior à época da formação do Novo Testamento."
Novamente, conclusão de que o cânon católico foi definido apenas no Concílio de Trento:
"Como se ha dicho anteriormente, para le Iglesia Católica el reconocimiento definitivo y oficial, tanto del Canon «largo» del Antiguo Testamento como de los veintisiete escritos del Nuevo Testamento, tuvo lugar en el Concilio de Trento (D-S 1501-1503). La definición se había hecho necesaria porque los reformadores excluían los libros deuterocanónicos del Canon tradicional."
(Pontificia
Comisión Bíblica - La inspiración y la verdad de la Sagrada Escritura -
La Palabra que viene de Dios y habla de Dios para salvar al mundo, com
introdução do Prefeito da Congregação para a Doutrina da fé, à época.)
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/pcb_documents/rc_con_cfaith_doc_20140222_ispirazione-verita-sacra-scrittura_sp.html#En_camino_hacia_un_Canon_
Para a Igreja Católica, ela não criou o cânon, ela o encontrou:
"O próprio Cânon é um fato eclesial: que estes escritos sejam a Escritura resulta da iluminação da Igreja, que encontrou em si este Cânon da Escritura; encontrou, não criou. E sempre e só nesta comunhão da Igreja viva é que se pode realmente também compreender, ler a Escritura como Palavra de Deus, como Palavra que nos guia na vida e na morte. (...)"
(Encontro do papa Bento XVI com o clero de Roma em 2013)
Aqui é admitido que a Igreja Católica recebeu como Antigo Testamento os escritos que tinham autoridade para os judeus helenísticos:
"(...) De outro lado, as relações complexas entre o Cânon judaico das Escrituras e o Cânon cristão suscitam numerosos problemas para a interpretação. A Igreja cristã recebeu como 'Antigo Testamento' os escritos que tinham autoridade na comunidade judaica helenística, mas alguns deles estão ausentes da Bíblia hebraica ou se apresentam sob uma forma diferente. O corpus é, então, diferente. Por isso a interpretação canônica não pode ser idêntica, pois c, da texto deve ser lido em relação com o conjunto do corpus. (...)"
(PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA - A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA NA IGREJA)
Abaixo, vê-se o reconhecimento de que a Septuaginta era a primeira parte da Bíblia cristã no mínimo nos primeiros 4 séculos, e ainda é hoje no Oriente, admitindo, portanto, a presença de livros a mais na Septuaginta:
"(...) As
tradições judaicas antigas permitem particularmente conhecer melhor a
Bíblia judaica dos Setenta, que em seguida tornou-se a primeira parte da
Bíblia cristã durante pelo menos os quatro primeiros séculos da Igreja,
e no Oriente até nossos dias. A literatura judaica extra-canônica,
chamada apócrifa ou inter-testamentária, abundante e diversificada, é
uma fonte importante para a interpretação do Novo Testamento. (...)"
A Septuaginta tinha mais livros que a Bíblia católica. Ou seja, teve livros da Septuaginta que a Igreja Católica retirou do cânon:
https://cleofas.com.br/a-septuaginta-ou-versao-dos-setenta-lxx/
A Igreja Ortodoxa, por exemplo, tem em suas Bíblias normalmente os livros que estavam na Septuaginta e que faltam nas Bíblias católicas:
https://www.abiblia.org/ver.php?id=9448
Os livros acrescentados pela Igreja Católica na Bíblia:
Os livros "O canto dos três jovens" (Daniel 3.24-90), "Históriade Suzana" (Daniel 13), "Bel e o Dragão" (Daniel 14) e a "Carta de Jeremias" (Baruc 6) eram, na Septuaginta, livros autônomos, independentes.
A Igreja Católica jamais afirmou a canonicidade de tais livros, nem mesmo em concilios regionais. Tais livros foram, portanto, acrescentados à Bíblia pela Igreja católica.
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