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VENERAR É APENAS HONRAR?

 

1) Se venerar é apenas honrar alguém, então por que somente é permitido venerar publicamente as pessoas que já foram declaradas santas ou ao menos beatas?

Cân. 1.187. Só é lícito venerar com culto público os servos de Deus que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beatos. ”  

(Código de Direito Canônico, Cân. 1.187)

https://www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/portuguese/codex-iuris-canonici_po.pdf


*Se venerar fosse apenas honrar, prestar homenagem a alguém, então seria permitido à comunidade venerar publicamente qualquer um que tivesse morrido como um herói da pátria ou como uma pessoa boa ou de reconhecida santidade. Mas, como visto acima, a Igreja proíbe essa prática. Por quê?


2) se venerar é apenas honrar alguém, então o exagero na veneração não pode ser considerada idolatria. Mas, não é isso que a Igreja Católica ensina no Catecismo:

"2113. A idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro, etc., 'Não podereis servir a Deus e ao dinheiro', diz Jesus (Mt 6,24). Numerosos mártires morreram por não adorar 'a Besta', recusando-se até a simular seu culto. A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus; é, portanto, incompatível com a comunhão divina."

(Catecismo da Igreja Católica, 2113)


O papa João Paulo II também falou desse risco:

"(...) Sem ignorar o perigo de um ressurgimento sempre possível das praticas idolátricas do paganismo, a Igreja admitia que o Senhor, a Bem-aventurada Virgem Maria, os Mártires e os Santos fossem representados em formas pictóricas ou plásticas para favorecer a oração e a devoção dos fiéis. (...)"

(Papa João Paulo II - Encíclica Duodecimum Saeculum, 8)

https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/1987/documents/hf_jp-ii_apl_19871204_duodecimum-saeculum.html


Curiosamente, em outra ocasião, citando são João Damasceno, Bento XVI disse que proskynesis é veneração, e não adoração:

"(...) Além disso, João Damasceno foi um dos primeiros a distinguir, no culto público e privado dos cristãos, entre adoração (latreia) e veneração (proskynesis): a primeira só pode dirigir-se a Deus, sumamente espiritual; a segunda, no entanto, pode utilizar uma imagem para se dirigir àquele que é representado na própria imagem. (...)"

(Audiência Geral de 06/05/2009)

https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2009/documents/hf_ben-xvi_aud_20090506.html


Contudo, o próprio Papa Bento XVI, em outra ocasião, afirmou que proskynesis é adoração. Para conciliar as duas citações, considera-se a proskynesis uma adoração de honra:


"(...) Encontro uma alusão muito bela neste novo trecho que a Última Ceia nos concedeu na acepção diferente que a palavra "adoração" tem em grego e em latim. A palavra grega ressoa proskynesis. (...)"

(Homilia do papa Bento XVI em 2005)

https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2005/documents/hf_ben-xvi_hom_20050821_20th-world-youth-day.html


O problema é que nas passagens de At 10.25, Ap 19.10 e Ap 22,18-19 quando se diz que Cornélio se ajoelhou para adorar Pedro e João se ajoelhou para adorar o anjo, nelas a palavra no original não é latria, mas proskynesis (e seus derivados), donde se conclui que, na ótica do Novo Testamento, a proskynesis (a veneração ou adoração de honra) restou proibida (permitida apenas em relação a Deus.

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