Atanásio:
“Mas
assim como esta consequência deve necessariamente ter, assim, também,
do outro lado, as justas reivindicações de Deus estão contra ela: que
Deus deve parecer fiel à lei que Ele havia estabelecido sobre a morte.
Pois era monstruoso para Deus, o Pai da verdade, parecer mentiroso para
nosso lucro e preservação. 2. Então, mais uma vez, que curso possível
Deus deveria tomar? Exigir o arrependimento dos homens por sua
transgressão? Pois este pode se pronunciar digno de Deus; como, assim
como da transgressão os homens se tornaram voltados para a corrupção,
assim do arrependimento podem mais uma vez ser colocados no caminho da
incorruptibilidade. 3. Mas o arrependimento, em primeiro lugar, deixaria
de guardar a justa reivindicação de Deus. Pois Ele ainda não seria mais
verdadeiro, se os homens não permanecessem no alcance da morte; nem, em
segundo lugar, o arrependimento chama os homens de volta do que é sua
natureza – ele apenas os impedia de atos de pecado. 4. Agora, se
houvesse apenas uma contravenção em questão, e não uma consequente
corrupção, o arrependimento estava bem o suficiente. Mas se, quando a
transgressão uma vez começou, os homens se envolveram naquela corrupção
que era sua natureza, e foram privados da graça que tinham, estando à
imagem de Deus, que passo adicional era necessário? Ou o que era
necessário para tal graça e tal recordação, mas a Palavra de Deus, que
também tinha no início feito tudo de nada? 5. Para Ele, foi mais uma vez
levar o corruptível à incorrupção e manter intacta a justa
reivindicação do Pai sobre todos. Por ser Palavra do Pai, e acima de
tudo, somente Ele de aptidão natural foi capaz de recriar tudo, e digno
de sofrer em nome de todos e ser embaixador de todos com o Pai.” (Sobre a
Encanação da Palavra, 7)
Santo Inácio de Antioquia:
“Amados, é isso que eu vos recomendo, sabendo que vós também tendes o mesmo pensamento. Quero, porém, colocar-vos de sobreaviso contra as feras em forma humana. Não só não deveis recebê-las, mas, se possível, sequer encontrá-las. Somente rezem por elas, para que possam converter-se, o que é difícil. Entretanto, Jesus Cristo tem poder, ele que é a nossa verdadeira vida. Se isso foi realizado apenas em aparência por nosso Senhor, então eu também estou acorrentado em aparência. Então, por que me entreguei à morte, ao fogo, à espada, às feras? Porém, perto da espada, perto de Deus; vizinho às feras, vizinho a Deus, somente em nome de Jesus Cristo. Para sofrer com ele, eu suporto tudo, e é ele quem me dá forças, ele que se fez homem perfeito.” (Aos Esmirniotas, 4)
“De fato, existem algumas pessoas que dolosamente costumam levar o Nome, mas agem de modo diferente e indigno de Deus; é preciso que eviteis essas pessoas como se fossem feras selvagens. Com efeito, são cães raivosos que mordem sorrateiramente. Atentos a eles, pois suas mordidas são difíceis de curar. Existe apenas um médico, carnal e espiritual, gerado e não gerado, Deus feito carne, Filho de Maria e Filho de Deus, vida verdadeira na morte, vida primeiro passível e agora impassível, Jesus Cristo nosso Senhor.” (Aos Efésios, 7)
“5. Meus irmãos, transbordo de amor por vós e, numa grande alegria, procuro fortalecer-vos, não eu, mas Jesus Cristo. Acorrentado nele, temo bastante, pois ainda sou imperfeito. Entretanto, a vossa oração a Deus me tornará perfeito, a fim de que obtenha a herança recebida na misericórdia, refugiando-me no evangelho como na carne de Jesus e nos apóstolos, como também no presbitério da Igreja. Amemos os profetas, porque eles também anunciaram o Evangelho, esperaram nele e o aguardaram. Crendo nele, foram salvos; permanecendo na unidade de Jesus Cristo, santos dignos de amor e admiração, receberam o testemunho de Jesus Cristo e foram admitidos no evangelho da nossa esperança comum.
6. Se alguém vos interpreta o judaísmo, não o escuteis, porque é melhor ouvir o cristianismo de homem circuncidado do que o judaísmo de incircunciso. Se ambos não falam a respeito de Jesus Cristo, são para mim estelas e túmulos de mortos, sobre os quais estão escritos somente nomes de homens.” (Aos Filadelfienses, 5 e 6)
Clemente de Roma:
“Caríssimos, este é o caminho no qual encontramos a nossa salvação: Jesus Cristo, o sumo sacerdote de nossas ofertas, o protetor e o auxílio da nossa fraqueza. Por meio dele, fixamos nosso olhar nas alturas dos céus; por meio dele, contemplamos, como em espelho, sua face imaculada e incomparável; por meio dele, abriram-se os olhos do nosso coração; mediante ele, nossa mente obtusa e obscura refloresce para a luz; mediante ele, o Senhor quis fazer-nos experimentar o conhecimento imortal. “De fato, sendo ele, o resplendor de sua majestade, é tanto superior os anjos quanto o nome que herdou é mais excelente.” Assim está escrito: “Ele fez dos ventos mensageiros seus e de chama de fogo os seus servidores.” Assim diz o Senhor a respeito do seu Filho: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações como tua herança, e teus serão os confins da terra.” E lhe diz ainda: “Senta à minha direita, até que eu coloque os teus inimigos como estrado para teus pés.” Quais são os inimigos? São os malfeitores e aqueles que se opõem à sua vontade.” (Carta aos Coríntios, 36)
“Eu ultrapassara a fera, e continuei uns trinta pés, quando veio ao meu encontro uma jovem adornada, como se estivesse saindo do quarto nupcial, toda vestida de branco, com sandálias brancas, coberta até a fronte, com mitra cobrindo a cabeça. Seus cabelos eram brancos. Pelas visões anteriores, reconheci que era a Igreja, e fiquei muito contente. Ela me saudou, dizendo: “Bom dia, homem.” Eu lhe respondi com a mesma saudação: “Bom dia, senhora.” Ela me perguntou: “Não encontraste nada?” Eu lhe respondi: “Senhora, encontrei uma fera tão grande, que seria capaz de aniquilar povos. Mas, pelo poder e misericórdia do Senhor, consegui escapar dela.” Então me disse: “Tiveste a felicidade de escapar, porque entregaste tua preocupação a Deus, abriste teu coração ao Senhor, acreditando que não poderias ser salvo de outro modo, senão pelo seu Nome grande e glorioso. Por isso, o Senhor enviou o seu anjo, aquele que está à frente das feras selvagens, cujo nome é Tegri: ele fechou a boca da fera, a fim de evitar que ela te devorasse. Por tua fé, escapaste de grande tribulação, pois a visão de tão grande fera não te fez duvidar. Portanto, agora vai, e explica as grandezas do Senhor aos seus eleitos. Dize-lhes que essa fera é a prefiguração da grande tribulação que está para chegar. Se vos preparardes e de todo coração fizerdes penitência diante do Senhor, podereis escapar da tribulação. É preciso, porém, que vosso coração se torne puro e irrepreensível, e que sirvais irrepreensivelmente ao Senhor pelo resto de vossos dias. Entregai ao Senhor as vossas preocupações, e ele as resolverá. Crede no Senhor que tudo pode, vós que duvidais. Ele desvia sua ira de vós e envia flagelos para vós que duvidais. Ai daqueles que ouvirem essas palavras e não as aceitarem. Seria melhor para eles não ter nascido.” (Pastor de Hermas, 23)
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