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Patrística e orar somente a Deus

São Clemente de Roma (35 - 100):
"Irmãos, o Senhor do universo não tem necessidade de nada. Ele não pede nada a ninguém, a não ser que se confesse a ele. Com efeito, assim diz o eleito Davi: 'Confessarei ao Senhor, e isso lhe agradará mais do que um bezerro, ao qual crescem chifres e cascos. Que os pobres vejam isso e se alegrem'. E continua: 'Oferece a Deus um sacrifício de louvor e cumpre os teus votos ao Altíssimo. Depois, invoca-me no dia de tua tribulação; eu te libertarei, e tu me glorificarás'. Sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito'." (1 Carta aos coríntios, 52).


Santo Irineu (130 - 202):

“E não é com a invocação dos anjos que ela faz estas coisas, nem com encantamentos ou outras práticas torpes, e sim de maneira lícita e clara, elevando preces a Deus, que fez todas as coisas; invocando o nome de nosso Senhor Jesus Cristo faz prodígios para o bem dos homens e não para os enganar. Se, portanto, o nome de nosso Senhor Jesus Cristo ainda agora é benéfico e cura com toda certeza e verdade todos os que, não importa em que lugar, crêem nele — o que não acontece no nome de Simão, nem de Menandro, nem de Carpócrates, nem de outro qualquer —, é claro que, tendo-se feito homem e vivido com a obra da sua criação, fez verdadeiramente tudo pelo poder de Deus, conforme a vontade do Pai de todas as coisas, da maneira que os profetas anunciaram. Quais são estas profecias o diremos na exposição das provas tiradas dos profetas.” (Contra as Heresias, Livro 2: 32,5)


Tertuliano (160 - 240):

"Paraíso, o lugar da bem-aventurança celestial designado para receber os espíritos dos santos, cortados do conhecimento deste mundo." (Apologia, 47)

Pois oferecemos oração pela segurança de nossos príncipes ao eterno, ao verdadeiro e vivo Deus, cujo favor, além de todos os outros, eles devem desejar (...) Sem cessar, para todos os nossos imperadores oferecemos oração. Oramos por vida prolongada, por segurança para o império, para proteção à casa imperial, para os exércitos valentes, por um senado fiel, um povo virtuoso, o mundo em paz, seja o que for, como homem ou César, um imperador desejaria. Estas coisas que eu não posso pedir a ninguém, exceto ao Deus de quem eu sei, eu devo obter dele, tanto porque somente Ele os concede e porque eu reivindico a Ele por sua dádiva, como sendo seu servo, rendendo homenagem a Ele somente, perseguido por sua doutrina, oferecendo a Ele, segundo Sua própria exigência, aquele sacrifício caro e nobre de oração enviado de um corpo casto, uma alma sem mancha, um espírito santificado. (Apologia, cap. 30)



Orígenes (185 - 253):
“Pois invocar os anjos sem ter recebido a seu respeito uma ciência que ultrapassa o homem não é razoável. Mas suponhamos, por hipótese, que tenhamos recebido esta ciência maravilhosa e misteriosa: esta ciência em si mesma leva ao conhecimento da natureza dos anjos e dos ofícios confiados a cada um deles e não permitirá que ousemos orar a qualquer pessoa a não ser ao próprio Deus supremo, que a tudo pode satisfazer perfeitamente, por meio de nosso salvador, o Filho de Deus, que é logos, sabedoria, verdade e tudo o que dele afirmam as escrituras dos profetas de Deus e dos apóstolos de Jesus.” (Contra Celso, livro 5, 5)

“Sem dúvida, não desacreditamos estas imensas criaturas de Deus, nem dizemos com Anaxágoras que o sol, a lua e as estrelas são apenas “massas inflamadas”, se professamos nossa doutrina sobre o sol, a lua e as estrelas. É apenas compreender a divindade de Deus que tudo ultrapassa com indizível superioridade, e a do Filho de Deus único que ultrapassa tudo mais. E quando estamos persuadidos de que o sol, a lua e as estrelas oram ao Deus supremo por meio de seu Filho único, julgamos que não devemos orar aos seres que oram: eles mesmos preferem nos remeter ao Deus a quem eles oram, e não nos abaixar até eles ou partilhar de nosso poder de oração entre Deus e eles mesmos.” (Contra Celso, livro 5, 11)


Novaciano (200 - 258):

"Se Cristo é apenas homem, como Ele está presente onde quer que seja chamado, quando não é a natureza do homem, mas de Deus pode estar presente em todos os lugares? Se Cristo é apenas um homem, por que um homem é invocado em orações como mediador, quando a invocação de um homem para conceder salvação é condenada como ineficaz?" (Tratado sobre a Trindade, Cap. 14)



São Cipriano de Cartago (? - 258):

Entre outros salutares ensinamentos e preceitos com que o Senhor encaminhou o seu povo para a salvação, deu-nos também a forma de orar; aconselhou e ensinou Ele próprio o que devemos rogar. Aquele que nos fez viver ensinou-nos também a orar e, com essa mesma benignidade, dignou-se dar-nos e conferir-nos outros bens, para que, dirigindo-nos ao Pai com a súplica e oração ensinada pelo Filho, mais facilmente sejamos ouvidos. Já anunciara que viria a hora em que os verdadeiros adoradores adorariam em espírito e verdade, e cumpriu o que antes prometera. Assim, os que recebemos pela sua santificação o Espírito e a Verdade, oremos também, a partir do que nos legou, em espírito e verdade. E que oração poderá ser mais espiritual que esta, que nos foi dada pelo Cristo, por quem o Espírito Santo nos foi enviado? Que prece poderá ser mais verdadeira diante do Pai que esta, recebida da boca do Filho, que é a própria Verdade? Portanto, orar de maneira diversa da que nos ensinou não é somente ignorância, mas culpa, pois ele mesmo preceituou, dizendo: “Desprezais o mandamento de Deus, para estabelecer a vossa tradição” (A Oração do Senhor, 2)


Lactâncio (240 - 320):

"É evidente que aqueles que fazem orações aos mortos, ou veneram a terra, ou oferecem suas almas aos espíritos imundos, não agem como se tornando homens, eles vão sofrer punição por sua impiedade e culpa, que, rebelando-se contra Deus, o Pai da raça humana, se comprometeram com ritos inexpiáveis, e violaram toda a lei sagrada." (As Institutas Divinas 2:18)

São João Crisóstomo (347 - 407):

"E agora, pois, tendes tristeza, mas eu vos verei outra vez, e vossa tristeza se transformará em alegria." Então, para mostrar que Ele não morrerá mais, Ele diz: "E ninguém o tira de você. E naquele dia não me pedireis nada.
Ele não prova nada mais por estas palavras, mas que Ele é de Deus. "Pois, por tempo vireis conhecer todas as coisas." Mas o que é: "Não me" perguntarás? "Você não precisará de nenhum intercessor, mas é suficiente que você invoque o Meu Nome, e assim ganhe todas as coisas.
Em verdade, em verdade vos digo: Tudo o que pedireis a meu Pai em Meu Nome.
Ele mostra o poder de Seu Nome, se pelo menos não sendo visto nem chamado, mas apenas chamado, Ele até nos faz aprovado pelo Pai. Mas onde isso aconteceu? Onde dizem: "Senhor, eis que as ameaças lhes concedem, e concedem aos teus servos que com ousadia possam dizer as tuas palavras" Atos 4:29-31, "e fazer milagres em teu nome." "E o lugar estava abalado onde eles estavam."
(Homilia 79 sobre o Evangelho de João)

* Parece que são João Cristóstomo cedeu à prática corriqueira em seu tempo (pós Nicéia) e em outras obras aceitou a oração aos santos, mas a negativa anterior prova que essa crença é posterior e não veio dos apóstolos por Tradição.

 





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