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Patrística - Culto só a Deus

Aqui vemos alguns dos pais da Igreja e até doutores da Igreja afirmando que devemos prestar culto somente a Deus.


Igreja de Esmirna (século I):

“Contudo, o invejoso, o perverso e o mau, o adversário da geração dos justos, vendo a grandeza do seu testemunho e de sua vida irrepreensível desde o início, vendo-o ornado com a coroa da incorruptibilidade e conquistando uma recompensa incontestável, procurou impedir-nos de levar o corpo, embora muitos de nós o desejassem fazer e possuir sua carne santa. Ele sugeriu a Nicetas, pai de Herodes e irmão de Alce, que procurasse o magistrado, a fim de que ele não nos entregasse o corpo. Ele disse: “Não aconteça que eles, abandonando o crucificado, passem a cultuar esse aí.” Dizia essas coisas por sugestão insistente dos judeus, que nos tinham vigiado quando queríamos retirar o corpo do fogo. Ignoravam eles que não poderíamos jamais abandonar Cristo, que sofreu pela salvação de todos aqueles que são salvos no mundo, como inocente em favor dos pecadores, nem prestarmos culto a outro. Nós o adoramos, porque é o Filho de Deus. Quanto aos mártires, nós os amamos justamente como discípulos e imitadores do Senhor, por causa da incomparável devoção que tinham para com seu rei e mestre. Pudéssemos nós também ser seus companheiros e condiscípulos!” (Martírio de Policarpo, 17. Coleção Patrística, pág. 93)


Santo Irineu:

"(...) O Apóstolo, na segunda carta aos Tessalonicenses, fala assim do Anticristo: “Porque deve vir primeiro a apostasia, e aparecer o homem ímpio, o filho da perdição, o adversário, que se levanta contra tudo que se chama Deus, ou recebe culto, chegando a sentar-se pessoalmente no templo de Deus e querendo passar por Deus”. O Apóstolo se refere claramente à sua apostasia e à sua elevação acima de tudo que se chama deus, ou seja, objeto de culto, isto é, de todos os ídolos — são estes cha-mados os deuses pelos homens, mas não o são — e à tentativa tirânica de se fazer passar por Deus." (Santo Irineu - Contra as Heresias, Livro 5, 25,1. Coleção Patrística,  pág. 337)

* Santo Irineu claramente afirma que somente quem é Deus ou é chamado de deus é que recebe culto, ou seja, não tem lógica um culto às criaturas. Talvez por isso a Igreja católica ensine que os santos são deuses, embora por participação, não por natureza.


Orígenes (185 - 253):

“E nos escritos de Paulo, escrupulosamente educado na prática dos judeus, e mais tarde convertido ao cristianismo por uma aparição milagrosa de Jesus, cabe lembrar esta passagem da epístola aos Colossenses: “Ninguém vos prive do prêmio, com engodo de humildade, de culto aos anjos, indagando de coisas que viu, inchado de vão orgulho em sua mente carnal, ignorando a cabeça, pela qual todo o corpo, alimentado e coeso pelas juntas e ligamentos, realiza o seu crescimento em Deus” (Cl 2,18-19). Mas Celso, que não leu nem aprendeu isto, imaginou, não sei porquê, que os judeus não transgridem sua lei adorando o céu e os anjos que nele existem. (...) Ele, portanto, devia ou se abster totalmente de atribuir estas práticas aos judeus, se continuasse a ver nelas observadores da lei e a dizer que eles vivem segundo a lei; ou atribuí-las a eles provando que elas eram consequência das transgressões da lei pelos judeus. E muito mais, se já é um ato de transgressão da lei prestar culto a seres ocultos não sei em que trevas, pois as pessoas ficam cegas em consequência da magia e veem em sonhos fantasmas indistintos, e adorar estes seres que, como dizem, então aparecem, da mesma forma, é cometer a transgressão suprema da lei sacrificar ao sol, à lua e às estrelas. Portanto, Celso não podia dizer que os judeus evitam adorar o sol, a lua e as estrelas, mas não evitam adorar o céu e seus anjos.” (Contra Celso, Livro V, 8-9. Coleção Patrística, pág. 222)

* Aqui Orígenes claramente equipara o culto a um ato de adoração


Eusébio de Cesareia (265 - 339):

“Nenhum deles, por mais que se ilustrassem junto de seus compatriotas pela dignidade, honra e estirpe, transmitiu aos subordinados, segundo a denominação figurativa de Cristo que tinham, o nome de cristãos. A nenhum deles foi prestado culto religioso da parte dos inferiores. Nem, após a morte, incutiu-lhes prontidão para morrer, no intuito de obter honras. Aliás, nenhum deles causou tal abalo entre todos os povos da terra, porque neles o símbolo não dispunha de força suficiente para revelar a verdade, como possuía nosso Salvador.” (História Eclesiástica, Livro I, 3:10. Coleção Patrística, pág. 33)

 

Santo Atanásio (295 - 373):

(Doutor da Igreja)

"Se dominava em seu espírito a lembrança dos mortos, a ponto de renderem culto aos heróis e aos que os poetas denominam deuses, no entanto, vendo a ressurreição do Salvador, confessavam serem eles enganosos e que o único Senhor verdadeiro é o Verbo de Deus, dominador da morte." (A encarnação do Verbo, 3,15. ColeçãoPatrística, pág. 70)


Poderíamos julgar plausível o ataque que segue: Além disso, se estas pessoas não prestassem culto a ninguém mais senão somente a Deus, talvez tivessem uma razão válida a opor aos outros. Mas não, elas prestam culto excessivo Àquele que acaba de aparecer, e todavia não acreditam ofender a Deus prestando igualmente culto a seu ministro. Devemos responder: se Celso tivesse compreendido as palavras: “Eu e o Pai somos um”, e estas do Filho de Deus em sua oração: “Como tu e eu somos um”, ele não pensaria que prestamos culto a outro senão ao Deus supremo, pois Jesus disse: “O Pai está em mim e eu estou no Pai” (Jo 10,30; 17,21-22; 14,10-11; 17,21). Se alguém acreditasse que estas palavras nos levam ao grupo dos que negam a existência de duas hipóstases, um Pai e um Filho, reflita sobre estas palavras: “A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma” (At 4,32), a fim de compreeder: “Eu e o Pai somos um”. Portanto, é a um só Deus, como acabamos de explicar, o Pai e o Filho, que prestamos culto, e temos ainda uma razão válida a opor aos outros. E não prestamos culto excessivo Àquele que acaba de aparecer como se ele jamais tivesse existido antes. Pois nele cremos quando diz: “Antes que Abraão existisse, eu sou”, e quando afirma: “Eu sou a Verdade” (Jo 8,58; 14,6). Ninguém de nós tem a estupidez de acreditar que a verdade não existia antes do tempo da manifestação de Cristo. Por isso prestamos culto ao Pai da Verdade e ao Filho que é a Verdade: eles são duas realidades pela hipóstase, mas uma só pela humanidade, pela concórdia, pela identidade da vontade; de modo que aquele que viu o Filho, resplendor da glória, expressão da substância de Deus, viu a Deus nele que é a imagem de Deus (cf. Jo 14,9; Hb 1,3; Cl 1,15; 2Cor 4,4).” (Contra Celso, Livro VIII, 12. Coleção Patrística, pp. 348-349)


Santo Agostinho (354 - 430):

[Doutor da Igreja]

"Que nossa religião não seja culto às obras humanas. Os operários que as fabricamvalem mais do que elas. Contudo, nós não os devemos cultuar. (...) Que nossa religião não seja culto aos mortos. Se eles viveram na piedade não secomprazem com tais honras, antes querem que adoremos Aquele em cuja luz elesmesmos se alegram ao ver-nos associados a seus méritos. Honremo-los, pois, imitandoos e não os adorando. E se viveram mal, onde quer que estejam, nenhum cultomerecem (...) Nem seja a nossa religião o culto à alma racional, mesmo a tornada perfeita e sábia (os anjos), posta ao serviço do universo ou ao serviço de parte dele. Nem culto à alma de homens eminentes que aspiram à mudança e transformação deseu corpo." (A verdadeira religião, 108 e 110. Coleção Patrística, pp. 87 e 88)


Santo Hilário de Poitiers:

[Doutor da Igreja]

"O Apóstolo ensina que a frase evangélica: Eu e o Pai somos um (Jo 10,30) indica a unidade da natureza, não a solidão de uma única pessoa, quando escreve aos Coríntios: Por isto, eu vos declaro que ninguém, falando com o Espírito de Deus, diz: ‘Anátema seja Jesus’ e ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’ a não ser no Espírito Santo (1Cor 12,3). Sabes agora, ó herege, em virtude de que Espírito dizes que Cristo é uma criatura? Pois se os que serviram à criatura, mais do que ao Criador, são malditos, deves compreender o que tu és quando professas que Cristo é uma criatura, tu que não ignoras que o culto que se presta às criaturas é maldito. Presta atenção ao que vem a seguir: ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’ a não ser no Espírito Santo (1Cor 12,3). Não percebes o que te falta quando negas a Cristo o que é dele? Se, para ti, Cristo é teu Senhor pela natureza divina, tens o Espírito Santo, mas se pensas que é Senhor por ter recebido um nome por adoção, não tens o Espírito Santo e és animado pelo espírito do erro, pois ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’ a não ser no Espírito Santo, e tu, que dizes que, em vez de ser Deus, é criatura, embora o chames de Senhor, não afirmas que o seja, pois, para ti, é um senhor como outros, no sentido habitual da palavra, e não o é por sua natureza. Aprende, pois, de Paulo, qual é a sua natureza." (Tratado sobre a Santíssima Trindade, Livro 8, 28. Coleção Patrística, pág. 150)


 

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